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A Nouvelle Vague Francesa

  • Foto do escritor: Guilherme Falcão Azevedo
    Guilherme Falcão Azevedo
  • 4 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

A nova vaga francesa (ou Nouvelle Vague) foi um movimento cinematográfico que apareceu por volta de 1959 em frança, como uma “contracultura” ao cinema clássico americano, e que influenciou grandes nomes do cinema que a precederam como Quentin Tarantino, Martin Scorsese, Steven Soderbergh, Stanley Kubrick, entre outros. Ao contrário do cinema moderno, que tinha começado também no final da década de 50 com Orson Welles, pai de várias ideias inovadoras para o cinema até à data (como a narrativa circular e não linear, ou os planos-sequência/), os cinéfilos da nova vaga francesa tiveram uma abordagem iconoclasta relativamente ao cinema clássico, defendendo que o cinema era uma arte, e não deveriam ser impostas regras na arte, e que um realizador devia poder fazer o seu próprio filme com base na sua própria visão, da mesma maneira que um escritor escreve um livro. Isso foi chamado de "teoria do Auteur", sendo o início dos filmes de autor.

Associados à primeira revista crítica de cinema existente, (Cahiers du cinema), estes cinéfilos defendiam uma abordagem mais inovadora, apostando na experimentação, em filmagens com poucos recursos, pequenas equipas, reduzido financiamento e uma edição descontínua e fragmentada. Os filmes da Nouvelle Vague tinham muitas vezes diálogos improvisados (com o objetivo de capturar momentos reais e espontâneos), filmagens que utilizavam câmara à mão e luz natural (que davam um certo sentimento de presença física da câmara, e, por consequência, à audiência), muitas vezes apanhando transeuntes nos planos, uma falta de raccord e continuidade (visto que muitas vezes as equipas de filmagem se reuniam no final de um dia de trabalho para fazer os planos para o dia seguinte, não existindo um planeamento pré-definido para a narrativa), jump cuts (em que se retira uma parte de um único plano contínuo, gerando assim dois planos com uma transição brusca com o objetivo de adiantar alguma ação) e o uso de técnicas improvisadas para tornar o filme possível (utilizando, por exemplo, carrinhos de compras ou cadeiras de rodas para planos em movimento, amigos do realizador como membros da equipa de filmagem ou atores, ou locais cedidos por conhecidos para a realização das filmagens). Para eles, uma ideia era suficiente, e se ela conseguisse ser passada aos espectadores os restantes pormenores não importavam.

Jean-Luc Godard, um dos nomes mais influentes da Nouvelle Vague, defendia que “o cinema não devia influenciar a juventude, mas sim a juventude influenciar o cinema”. Tendo sido muito influenciado por Bertold Brecht (um dramaturgo e encenador alemão), Godard utilizou algumas das suas ideias nos seus filmes (À bout de soufflé”, “Le Mépris”, entre outros), e por consequência, na Nouvelle Vague. Brecht defendia que a audiência devia ter noção que estava a ver uma ficção, e fazia questão de as relembrar disso, tentando impedir que os espectadores estivessem absorvidos na história de uma maneira psicológica, e em vez disso a vissem de um modo intelectual, podendo assim refletir sobre o mundo onde esta está inserida. Assim, muitos personagens de filmes deste movimento têm como hábito olhar para a câmara e falar com a audiência, originando assim as chamadas “quebras da quarta parede” em cinema.

Estes movimentos estético-artísticos revolucionários sempre foram matérias que me fascinaram como estudante de cinema, sabendo que com eles podemos ver não só uma evolução na maneira de pensar, mas também avanços na cultura. Esta “experimentação” e busca por inovação dentro do meio é algo que encaro como um desafio que gostaria de aplicar nos meus projetos, tal como a utilização da metaficção. Adaptando o que Godard disse sobre o cinema clássico, acho que a Nouvelle Vague acabou por ser um período importante da história do cinema que influenciou a juventude, e pode inspirar a juventude a influenciar períodos importantes da futura história do cinema.

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