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Lisboas

  • Foto do escritor: Teresa Cabral
    Teresa Cabral
  • 24 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Vejo duas Lisboas. Uma Lisboa doente, descolorida, e uma Lisboa exuberante, eufórica. Onde vejo duas Lisboas podia ver muito mais. Tal como todos nós, tem também muitas personalidades. Mas hoje são estas as Lisboas que vejo.

Por um lado, a Lisboa dos dias úteis, dos horários de trabalho. A Lisboa dos empresários, do telejornal, Lisboa consumista e sem tempo para ser mais nada. Uma Lisboa com os narizes sempre a centímetros do ecrã, corcunda e cansada. Vejo a Lisboa sombria, em que à noite se descansa apenas para retornar à mesma rotina no dia seguinte ou se afoga mágoas de vidas que não são inteiras nos esconderijos que a carteira nem sempre suporta.

Mas vejo também a Lisboa dos artistas, uma Lisboa carente por conhecimento. A Lisboa dos teatros e das exposições, da literatura e do cinema. E que bela é esta Lisboa. Escondida nos recantos da noite, nos fins de tarde por entreter. Lisboa que está nas prateleiras e nos anúncios de rua, que está por detrás da cortina do teatro, na atriz sem medos. É a Lisboa do ontem, do hoje e de um amanhã sonhado. Uma Lisboa que vive em todos nós, por mais tímida que pareça. Devemos desembrulhá-la do seu invólucro, procurar aprender mais dela, melhor. Lisboa que não é de ninguém, é livre de ser quem quer e pede apenas que a queiramos saber.

Que erro crasso seria pensar que temos uma sem termos a outra. Apesar da cultura não ter necessariamente hora marcada, para uma Lisboa cultural a história é outra. Uma Lisboa cultural requer que a arte viaje para onde as palavras sós não a levam, tem de ser conhecida por muitos, para que se instale a semente da vontade, da curiosidade. O artista precisa do espectador. Mas o contrário também acontece. O que seria dos trabalhadores sem tempo para ler, para se deixarem entreter pelos engenhos de terceiros, para deambularem para imaginação alheia? Seriam ocos, paupérrimos, de alma ressequida e coração gelado.

Viva Lisboa! Viva a cidade que vive em todos nós, mas que só também tem vida. Viva a cidade cantada e escrita, pintada e só vista. Viva Lisboa, que não te afogues na pressa do século, que não adoeças de pandemia, que não sejas esquecida, oh Lisboa, oh cultura, oh engenho... Lisboa, saudades tenho.

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