Conversas Noturnas
- João Lacerda
- 21 de mai. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 7 de jun. de 2020
Sempre que posso, bebo da Lua. Olho-a no seu olho cintilante e banho me na luz que me oferece. E quando esta desce sobre mim, reina no seu pousio a plenitude. É ao olhar pela janela da minha alma que vê o que vejo. Vejo a lua a olhar para mim.
Sinto a água bater no telhado. Conforta-me com a sua presença, mas nunca me deixa esquecer que assim o está, presente. Escorre lá fora e coloca em mim uma sensação de segurança, embora invista com toda a sua força para chegar a mim. Ouço-a chamar por mim. Diz me que saia, dance com ela e me perca nos seus braços, flutuando pela noite assim.
O abraço envolvente do escuro aperta me o corpo. Entranha-se em mim e esconde me na sua asa. Nele observo tudo com maior clareza, como cego a quem apuraram os sentidos. Tudo reluz com maior intensidade na escuridão, até eu me sinto a brilhar. Brilho com a melhor luz que existe. A que só é visível quando ninguém está lá para ver.
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