Espelho D'Alma
- João Lacerda
- 10 de abr. de 2020
- 1 min de leitura

A arte apazigua o coração mole do pensador mais além, e a sua visão distorce linhas e humaniza-as. Dá ao objeto uma dimensão que, enquanto fabricada, permanece real. O seu transe constante torna a distinção do físico e do subjetivo uma tarefa intrincada. Depois disso, a arte é institucional, é feita à medida da compreensão comum, não para ela, mas recorrendo sim a um elitismo descabido para não representar. Mas, como é sabido, a virtude está no meio, e como tal, a verdadeira função do artista é a de trabalhar na fina linha que lhe é deixada. Ver mais além sem querer. Um olhar acidental para o poço do metafísico. Um túnel vertical que termina em reflexão pessoal. Ou não. Quem não queira ver o seu reflexo, que olhe ainda mais adiante. Ignore o seu semelhante que espreita para pela janela do seu olhar e veja a paisagem que o enquadra. E quando a vir. Cabe a ele, enquanto mensageiro do abismo, contar o que viu. Conta-o através de palavras, de formas de cores de sentimentos. Para que quem observe a sua obra possa sentir o sabor dos seus sonhos.
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