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O tempo do (novo) eu

  • Foto do escritor: João Maria Relvas
    João Maria Relvas
  • 30 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura


O que hoje vivemos em nada é habitual. Vivemos uma crise epidémica para a qual, excetuando um ou dois países, nenhum outro estava preparado. Por essa razão, todos os países foram forçados ao famoso “lockdown”, ou isolamento, na nossa língua materna, fechados em casa, reduzidos às saídas estritamente necessárias e essenciais.


É também neste tempo que podemos dizer “eu e quatro paredes”. Esta afirmação pode parecer um absurdo lógico, à primeira vista, se tivermos em conta aqueles que, como eu, vivem com as suas famílias, contudo a dinâmica familiar é permissiva no que toca ao alheamento dos seus membros, em diversas ocasiões, isto é, permite haver tempo para o “eu”.

Assim, o isolamento social permitiu-nos duas coisas: um combate à doença e ganhar tempo para nós mesmos.


Olhando para trás vemos que o génio humano, tão facilmente admirável, dominou e “escravizou” as forças da Natureza: alcança qualquer ponto terrestre, sonda o fundo do mar, até ao seu ponto mais profundo, perfura as montanhas e voa pelo espaço, explora os continentes e todos os dias são feitas novas descobertas telescópica e microscopicamente. Apesar disso, estas descobertas, este progresso, tem como objetivo o mundo exterior e físico, mas existe um mundo desconhecido, o mundo interior, o microcosmos, inexplorado: “Todos os domínios do espírito foram cultivados, todas as faculdades potencializadas, só o mais profundo, o mais interior, o mais essencial da alma imortal é que continua demasiadas vezes a ser um terreno por cultivar”, disse, uma vez, em inícios do século XX, um jornal alemão.


O nosso domínio exterior, de modo algum, foi acompanhado por um conhecimento interior mais profundo, das “forças instintivas do coração humano”, como disse o Padre Kentenich. Se este aprofundamento não for levado a cabo e se não fecharmos a brecha e discrepância entre o conhecimento destes dois mundos (interior e exterior), “Em vez de dominarmos as nossas conquistas, tornamo-nos seus escravos; tornamo-nos escravos também das nossas próprias paixões.”


É, nesta época tão especial e privilegiada (devido à quase paragem do progresso do mundo exterior), que temos a possibilidade de nos conhecermos a nós próprios a fundo, de conhecermos o interior do nosso ser. Vêm ao de cima, agora mais veementemente, os nossos gostos, hobbies praticáveis, ou mesmo aquilo que nos é indispensável, o que nos caracteriza.

É tempo do autoconhecimento! Na Grécia, no templo de Delfos, é possível encontrar a seguinte inscrição, com cerca de 3000 anos: “Conhece-te a ti próprio”. Os Gregos Antigos sabiam a importância de conhecer os seus limites, as suas virtudes, os seus defeitos e as suas fraquezas. Também nós nos temos de nos aperceber da importância desta descoberta do mundo interior: o autoconhecimento é o primeiro passo, numa longa peregrinação, de automelhoramento, isto é, uma tentativa de eliminação dos defeitos, e uma potencialização das qualidades.


Por outro lado, o autoconhecimento é uma arma noutra batalha: a das decisões. As grandes decisões da nossa vida deixar-nos-ão, sempre, com “borboletas na barriga”, e tomar a melhor decisão só é possível fazer se nos conhecermos a nós próprios e o que mais a nós se ajusta.


Estamos numa época excecional que nos permite um aprofundamento interior, há tanto desejado, deixando-nos quebrar esta superficialidade perigosa. Aproveitemos o eu e as quatro paredes, para desenvolvermos este conhecimento do microcosmos porque é tempo de criar um novo eu, que, através do conhecimento da sua essência, possa sair deste isolamento um eu disposto a autoeducar-se nesta melhoria pessoal e pronto para tomar as melhores decisões para si, em todos os aspetos da vida.


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