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Ted Lasso, o americano do futebol inglês

  • Foto do escritor: Rosarinho Moreira Rato
    Rosarinho Moreira Rato
  • 26 de fev. de 2022
  • 3 min de leitura

O ano é 2013 e a NBC acaba de adquirir os direitos para transmitir a Premier League nos Estados Unidos. O ator, comediante e ex-membro do elenco do Saturday Night Live, Jason Sudeikis, encarna a personagem Ted Lasso nos anúncios concebidos para promover o início das transmissões. Estamos agora em 2022 e à espera da terceira temporada do que é, na minha opinião, uma das melhores séries de comédia (e não só) da atualidade.

Ted Lasso, tanto nos anúncios como na série com o mesmo nome, é um treinador de futebol americano que foi contratado para treinar uma equipa da Premier League: A.F.C. Richmond (nos anúncios é o Tottenham, mas inventaram um clube para a série). O ponto de partida é, portanto, um americano em Londres que se vê a liderar um clube de um desporto sobre o qual nada sabe, pronto para desapontar os adeptos ingleses, que não são conhecidos pela sua hospitalidade. Temos uma primeira temporada em que vemos a chegada de Ted ao Richmond, a sua primeira época como treinador e como é que vai estabelecendo relações com um leque de personagens que não reconhecem o seu valor e não o levam a sério. A segunda temporada, já depois de Ted ter a sua posição bem estabelecida, permite-nos conhecer mais a fundo as outras personagens, entre as quais Rebecca Welton, a dona do clube, Roy Kent, Jamie Tartt e Sam Obisanya, jogadores, ou até mesmo o jornalista Trent Crimm.

É uma série original da Apple TV+ e por isso fácil de passar despercebida por este não ser dos serviços de streaming mais populares. Um primeiro olhar sobre os trailers e a sinopse pode levar a crer que não passa de mais uma comédia americana, principalmente para quem já conhece o tipo de filmes que Jason Sudeikis faz, e que se alimenta muito no contraste entre americanos e ingleses para as piadas, uma das principais críticas. Contudo, ganhou 7 dos 20 Emmys para os quais foi nomeada e tem sido bastante aclamada pelo público.

Ted Lasso não é uma sitcom. Tem claramente presente um fator cómico, quer seja no diálogo, nas situações de cada episódio ou até no exagero das características de algumas personagens, mas tem também um lado emocional e quase moral que nos apanha de surpresa. Estes aspetos concentram-se em Ted, que vem do Kansas para uma Inglaterra estereotipada, pondo em evidência o quão diferente é a sua personalidade otimista e animada da dos outros à sua volta. Mas é um otimismo que não é forçado nos outros e que não incomoda os céticos, ou seja, é capaz de mudar e impactar a vida de todos sem que seja exigido aos que se preferem manter mais realistas (ou pessimistas) um nível igual de boa disposição. Ted vem mudar a realidade do A. F. C. Richmond mas não exige que os outros mudem por ele.

Também não é uma série sobre futebol. Pode-se dizer que é sobre um clube de futebol, mas não sobre o desporto em si. Talvez fosse indiferente a modalidade, mas é importante porque uma parte da graça inicial vem da confusão de Ted perante as diferenças entre os dois tipos de futebol (não faltam várias referências à dificuldade em perceber a regra do fora de jogo) e acaba por cativar especialmente quem sempre acompanhou o “beautiful game”. Até eu, com o pouco que percebo, me consigo identificar com os adeptos enquanto cidadã de um país que sempre mexeu muito com o futebol.

Outro aspeto que também joga muito a favor é a sensibilidade com que os escritores conseguiram lidar com assuntos sérios. Conseguem resolver várias situações menos engraçadas sem tornar o episódio demasiado pesado, utilizando mais uma vez a personalidade de Ted para chegar aos outros. Desde problemas familiares a racismo a saúde mental, é tudo transmitido com as quantidades de seriedade e humor certas.

Acima de tudo é uma série divertida, até agora com 22 episódios de cerca de meia hora cada e que se vê muito bem. Creio que não é essencial gostar de futebol para se gostar da série mas acrescenta bastante valor quando conseguimos encontrar semelhanças entre o decorrer da história e os sentimentos que associamos à nossa própria vivência do futebol. Fica a sugestão para quem se quiser por a par dos primeiros episódios em antecipação da terceira temporada, já em produção, que deverá sair ainda este ano.

 
 
 

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