A Casa do Sol Nascente
- Manoel Cabral de Melo
- 3 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 7 de jun. de 2020

The House of the Rising Sun, ou “A casa do Sol Nascente” em Português, é uma música tradicional folk americana popularizada pela interpretação do grupo The Animals na década de 60 e é hoje em dia reconhecível ao ouvido de qualquer pessoa com o mais pequeno interesse em música, qual seja o género do seu interesse, por todos os cantos do mundo.
Este extraordinário clássico, originalmente escrito no ponto de vista de uma mulher que é conduzida a uma vida degradante, quando interpretado por The Animals passa a tomar a posição de um jovem adulto que segue os mesmos passos que o pai na sua juventude e cai em vícios e pecados como o abusivo consumo de álcool e o vício ao jogo, ou Gambling. Não é possível datar a música original, no entanto, especialistas indicam que as melodias sejam típicas do século XVI. A primeira versão a ser gravada é de 1905, e desde então inúmeros artistas dos mais talentosos da sua geração interpretaram a balada, como Bob Dylan, Dolly Parton, Adolescents e muitos mais. Neste texto irei “dissecar” especificamente a versão dos The Animals.
Pois bem, acompanhados da icónica guitarra somos imediatamente apresentados a esta casa em Nova Orleães popularmente baptizada a casa do Sol Nascente, casa esta que serve de “acolhimento” para muitos rapazes, entre os quais o narrador confessa ser um deles. No contexto do resto da música, o ouvinte é dado indiretamente a perceber que a casa é um sítio de pecado, provavelmente um bordel.
Na segunda quadra, somos apresentados aos pais da personagem principal, o narrador, a mãe, uma costureira, e o pai, um "gambling man", ou homem do jogo. É apenas na terceira quadra que são narrados os problemas do jovem principal e narrador, em que ele próprio confessa apenas precisar de uma mala de viagem e de um porta-bagagens, uma descrição do estilo de vida típico de alguém viciado no jogo, alguém sem estabilidade na vida, com dificuldades em construir relações. O personagem também retracta o seu alcoolismo, conta-nos intimamente apenas estar satisfeito quando embriagado.
Depois, um solo de Orgão, uma espécie de reflexão musical, tanto para o ouvinte como também como para o próprio orador, um espaço para refletir sobre a realidade descrita na primeira parte da música. O solo é seguido de mais duas quadras, a primeira é um apelo directo do narrador a uma nova personagem, uma mãe, para que não deixe os filhos fazerem o que ele fez. Ao fazê-lo, reconhece várias coisas importantes, reconhece os seus erros e o degredo que são os seus hábitos, reconhece que teve a oportunidade de aprender com os erros do seu Pai, mas ao invés disso repetiu-os, e ainda reconhece que na audiência ainda possa haver muitos que ainda repetem estes mesmos erros, e é por isso que se dirige às mães, visto que estes problemas viciosos são mais recorrentes com a população masculina.
Finalmente, na última quadra, o jovem diz estar a voltar para Nova Orleães para usar a corrente. Isto pode ser interpretado literalmente como o personagem ser preso, mas muitos apontam para o sentido metafórico da escravatura dos vícios presentes na Casa do Sol Nascente aos quais ele voltará quando chegar à cidade.
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