O Conservadorismo é o novo Panque-Rock
- Manoel Cabral de Melo
- 13 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Uma reflexão sobre o que significa ser rebelde no mundo moderno.
“O Conservadorismo é o novo Panque-Rock”
Ouvi esta frase pela primeira vez saída da boca de um música que admiro, Manuel Fúria. Confesso que foi esta personagem que me inspirou para “pôr em papel” esta ideia sobre a qual reflito já há algum tempo.
Sou fascinado pela cultura juvenil, não a actual, mas por movimentos, contra-culturas e vanguardas que me antecedem. Associo cultura juvenil e revolução porque ao olhar para trás, especialmente para a segunda metade do último século, não restam dúvidas que são os mais jovens os responsáveis pela ideia de rebelião, este instinto de questionarem e recusarem o que lhes foi forçado a engolir pela geração anterior, é propício a esta idade de frescura, esperança, e sobretudo ambição.
Dito isto, não é difícil refletir sobre os primeiros Rockers, ou Greasers, Hippies ou Punks, e observar que a identidade de cada um destes movimentos revolve à volta da simples vontade de ultrapassar e enterrar o anterior. Um exemplo torna-o especialmente claro, a transição da década de 60, caracterizada pelas cores, padrões, amor à natureza e apelo à paz, para a década de 70, a década do punk, caracterizado pela agressividade visual, sonora e comportamental. E quando estes movimentos começam a aparecer, rapidamente ganham popularidade, por haver uma enorme procura por parte de quem cresceu enfastiado do look e da filosofia da geração anterior, e eles começam a aparecer precisamente quando a revolução, o chocante (o movimento anterior) se torna comum e por isso perde o propósito.
Efectivamente, isto continua a acontecer, embora menos perceptível (penso que será mais fácil de analisar por gerações futuras). Quando vão passando décadas de um acumular de banalização crescente do que antes era radical, uma espécie de constante empurrar de limites, o mais natural e previsível acontece: Um contra-movimento. Sim, falo de uma nova forma de Conservadorismo que sinto a emergir, uma necessidade extrema de voltar ao básico e essencial, de voltar aos pilares da civilização moderna. Não quero marcar uma posição ou defender uma ideologia, mas sim reflectir o que considero deveras interessante, uma espécie de Renascimento Cultural e Ideológico que pode estar a tomar lugar.
Percebo que esta ideia possa ser um pouco incoerente e contraditória, e que alguns estejam a torcer o nariz ao ler estas palavras, mas isso só prova como ela choca com o passado, e é talvez esse o aspecto que torna este Conservadorismo “New-Wave” mais radical. Pela primeira vez na história moderna, os mais novos escolhem olhar para trás, e perguntam-se se fomos longe demais, afinal, nem todos os passos são passos para a frente.
Penso que nunca foi tão radical ser Católico, Pro-Vida ou simplesmente de direita. Dito isto, não é de admirar que estas crenças e ideologias se tornem mais apelativas e tomem este carácter revolucionário. Num mundo em que reinam celebridades, humoristas e entertainers politizados (quase sempre de esquerda) o que antes era aborrecido, está a tornar-se desafiante. Basta recordar o escândalo e polémica que causou o Kanye West quando mostrou o seu apoio ao presidente Trump, os media estremeceram.
Concluo assim, sem intenções de politizar ninguém, mas apelando a uma reflexão dos leitores para que olhem à sua volta e pensem sobre como o mundo actual vai moldar os que nascem nele hoje.
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