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Inclusão em Belém

  • Foto do escritor: Mar Machado da Graça
    Mar Machado da Graça
  • 21 de jan. de 2021
  • 3 min de leitura

A quatro dias do domingo em que vamos a votos, há muitos que ainda estão em ponderação sobre o candidato em quem confiarão o seu voto. Se o resultado da reeleição do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, parece certo, já as condições dessa reeleição e a distribuição dos demais lugares são incertos e muito relevantes.

À esquerda existe um leque relativamente grande de possibilidades, algumas caras conhecidas que aparecem e reaparecem frequentemente nos cartazes partidários, à direita somos confrontados com candidatos distintos.

Ao longo das últimas semanas, ouvi algumas pessoas dizer que iam votar no candidato de direita radical, André Ventura. Nos primeiros segundos de “atenção” este candidato pode despertar curiosidade por ser novidade, querer mudar o que está mal, reconstruir o sistema. A III República, em que hoje vivemos, e a democracia que é a sua bandeira, apresenta alguns problemas visíveis. A questão é saber como resolvê-los. Ventura usa esses problemas, para, através de um discurso populista e interesseiro, defender uma quase revolução contra o instituído. Não pode ser apoiado.

A verdade é que, se Ventura se autoproclama como sendo a alternativa, como sendo o candidato de fora do sistema, ainda não apresentou o seu tão aclamado projeto da IV República. Pensando melhor, até nos deu algumas luzes do futuro que pretende dar a Portugal: o futuro da divisão e da discórdia. Ao longo dos debates, este candidato a Belém autointitulou-se o candidato dos portugueses de bem. Dividiu portugueses em bons e maus e assumiu que queria defender os bons contra os “bandidos” e que nunca não seria o Presidente dos “bandidos”.

Estas afirmações, a meu ver, chegariam para abrir os olhos a esses 11% (segundo a sondagem da TVI/Observador) que pretendem votar neste candidato. O que mais choca é este deputado dizer-se católico e fazer discursos a agradecer a Deus por lhe ter mostrado a sua missão e, depois, desprezar uma parte da população. O evangelho ensina, exatamente, o oposto do que Ventura propaga. Ao longo dos textos bíblicos percorremos uma panóplia de passagens em que Jesus estende a mão aos mais fracos, aos doentes, aos pobres, aos marginalizados da sociedade. Não só assumir-se como um “candidato de Deus” não faz sentido em qualquer circunstância no século XXI, como Ventura está imensamente longe da doutrina cristã que reclama.

O Papa Francisco recorda-nos na sua última encíclica, Fratelli Tutti, a importância de não aumentar o ódio, a divisão e de ser como o bom samaritano. Diz sobre esta passagem que “[a] parábola mostra-nos as iniciativas com que se pode refazer uma comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a fragilidade dos outros, não deixem construir-se uma sociedade de exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que o bem seja comum.” Para além disso, sublinha-nos a relevância da hospitalidade e da fraternidade para com todos os povos do mundo.

Com isto, parece-me que um cristão, consciente dos ensinamentos de Cristo, não pode dar força a este candidato. Os restantes portugueses, crentes ou não, pertencem a um país com origem e matriz judaico-cristã, que assume com centralidade o valor da solidariedade para com todos, pelo que, em consciência, também não devem apoiar Ventura. Apoiar este candidato é, acima de tudo, apoiar a exclusão, a divisão.

Neste tempo de pandemia, mais do que nunca, é necessário unir todos os esforços (não só a nível nacional, mas também a nível internacional), para que em conjunto recuperemos os estragos da pandemia. Para tal, não podemos ter como representante do país uma pessoa que quer por uns contra os outros, que quer proteger uns e marginalizar outros. Não há, ao contrário do que diz Ventura, portugueses de bem ou de mal, portugueses de primeira ou de segunda, somos todos parte desta grande nação e da sua grande história. De resto foi isto mesmo Joe Biden lembrou, no seu discurso inspirador como novo Presidente dos EUA.


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